Hermelindo Fiaminghi nasceu em São Paulo em 1920. Tornou-se conhecido como pintor e desenhista, mas também atuou profissionalmente como publicitário, litógrafo e artista gráfico. Suas experiências profissionais, em todas essas áreas correlatas, influenciaram mutuamente sua pesquisa imagética. No Liceu de Artes e Ofícios, aluno entre 1936 e 1941, estudou com Waldemar da Costa. Trabalhou em várias empresas de publicidade e, também, na indústria gráfica. Participou das mudanças iniciadas pelos movimentos construtivos e aderiu ao Grupo Ruptura. Nesse âmbito, atuou junto aos poetas concretos, desenvolvendo o projeto gráfico de vários poemas.
Frequentou o atelier de Alfredo Volpi de 1959 a 1966. Junto com Cordeiro, Féjer, Mauricio Nogueira Lima e Décio Pignatari fundou o Atelier Livre do Brás em 1958. Ali desenvolveu a série virtuais que pode ser considerada como uma passagem de uma produção construtiva, vinculada aos pressupostos concretos, para uma pesquisa nas quais começa um trabalho de desconstrução, por meio do qual torna suas formas e o uso de cores e do espaço menos rígidas. Não é de se estranhar que, no ano seguinte, em 1959, ele tenha rompido com Waldemar Cordeiro, fundador e mentor do Grupo Ruptura.
A partir dos anos 1960, passa a nomear parte importante de sua produção com o uso adaptado do termo corluz. Nessa fase, utiliza retículas na forma de fotolitos e o offset por meio do sistema CMYK de cores no qual cada cor é impressa separadamente. Por outro lado, nessa mesma década, começa, também, a trabalhar com têmpera e, nela, da mesma forma, privilegia os estudos com a cor.
Ao longo dos anos 1980, Fiaminghi permite-se uma maior liberdade em relação à estrutura da tela e do papel e realiza suas séries de desretratos e despaisagens. Nessas, contudo, sua busca continua sendo a mesma: a luz tendo a cor como recurso.
Hermelindo Fiaminghi expôs em várias Bienais Internacionais de São Paulo, em exposições individuais e coletivas e sua obra faz parte de importantes coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior. Além disso, atuou como professor, júri e membro de conselhos. Faleceu em 2004 também na cidade de São Paulo e desde 2017, o Instituto de Arte Contemporânea abriga seu arquivo pessoal.
(Texto retirado da exposição Fiaminghi - Pensamentos Compostos com curadoria do Grupo Experimental do Instituto de Arte Contemporânea)